Minha mãe
Saudades do lar
Quando juntos em casa
mãe vivíamos.
Guerreira incansável exemplar.
Quanta vez acordou chorando
Pelas mágoas da vida
sem solução.
Choro calado e
reprimido no coração
Nem para parar tinha
tempo
Nem horário para se cuidar
Sua prioridade eram
os filhos
Lavar, cozinhar e passar.
Mas a noite tinha
tempo para nos abençoar.
Mil orações e pedidos em seus lábios jorravam
E ecoava no silêncio
da noite a voz de cada filho
A benção mãe dorme com Deus.
E sete vozes uma a uma
era ouvida
Deus te abençoe, dorme
com Deus.
Hoje as noites são
caladas
O silêncio tomou
conta do coração
Não mais escuto aquela voz me abençoando.
Meus irmãos
espalhados pela vida.
Em meu coração a dor
da saudade.
Em meus lábios no coração a mensagem
Dorme com deus meus
filhos e abençoe meus irmãos.
Descanse em paz minha
mãe, cumpriu sua missão.
Seus filhos venceram
na vida e tem seus exemplos no coração.
E como disse o grande poeta Camões
‘Se lá no acento etério onde subiste
Memoria desta vida se
consente.
Relembra deste amor ardente e viva eu na terra sempre triste”’
Alma Minha Gentil,
que te Partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"