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domingo, 11 de outubro de 2015

A criança do lixão






A criança do lixão

 Coração endurecido como carvão..
A criança não chorava nem sorria.
Sem amor e a ninguém amava.
Sentia tanto desprezo que não sofria.

 A fome em sua barriga doía.
Se não roubasse não comeria.
 Olhava fixamente o pão na padaria.
Crianças ali entravam e comendo saiam.

Sorrateiro disfarçou e o pão pegou
A câmara da lanchonete o furto registrou.
 O proprietário aos fregueses avisou
 Com fama de bandido delinquente virou.

A escola nunca frequentou nem vacina tomou.
Passo a u viver no lixão onde encontrou asilo.
 Dormia em caixas de papelão comendo restos do chão.
Agua potável e banho só quando chovia.

Pisou um dia em caco de vidro no lixão.
 Amanheceu com febre gemendo como cão.
 Acordou em leito de hospital com pavor.
 O soro arrancou e pela janela se atirou.
 Jaz o corpo inerte no asfalto vermelho de sangue.
A multidão ao redor se penalizou pela criança em agonia.
O jornalista fotos e vídeos para a televisão registrou.
A sociedade penalizada curtiu e reclamou.

Os direitos humanos protestaram com passeatas.
Políticos foram ao enterro contrito e abatido.
As crianças continuam no lixão comendo restos.
A sociedade nada sabe simplesmente desconhece.
 Dione Fonseca

Nota

Muitos comemorando o dia das crianças e algumas morrendo de fome.  Fiz este poema pra o site Pelapaz . Poetas de muitos países lá estão. Um poema para os adultos pensarem
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