A criança do lixão
Coração endurecido
como carvão..
A criança não chorava nem sorria.
Sem amor e a ninguém amava.
Sentia tanto desprezo que não sofria.
A fome em sua barriga
doía.
Se não roubasse não comeria.
Olhava fixamente o
pão na padaria.
Crianças ali entravam e comendo saiam.
Sorrateiro disfarçou e o pão pegou
A câmara da lanchonete o furto registrou.
O proprietário aos
fregueses avisou
Com fama de bandido delinquente
virou.
A escola nunca frequentou nem vacina tomou.
Passo a u viver no lixão onde encontrou asilo.
Dormia em caixas de
papelão comendo restos do chão.
Agua potável e banho só quando chovia.
Pisou um dia em caco de vidro no lixão.
Amanheceu com febre gemendo
como cão.
Acordou em leito de
hospital com pavor.
O soro arrancou e
pela janela se atirou.
Jaz o corpo inerte no
asfalto vermelho de sangue.
A multidão ao redor se penalizou pela criança em agonia.
O jornalista fotos e vídeos para a televisão registrou.
A sociedade penalizada curtiu e reclamou.
Os direitos humanos protestaram com passeatas.
Políticos foram ao enterro contrito e abatido.
As crianças continuam no lixão comendo restos.
A sociedade nada sabe simplesmente desconhece.
Dione Fonseca
Nota
Muitos comemorando o dia das crianças e algumas morrendo de fome.
Fiz este poema pra o site Pelapaz .
Poetas de muitos países lá estão. Um poema para os adultos pensarem
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